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Contexto ideológico do filme "O lobo de wall street" e sua relação íntima com o Direito Processual Penal
"O Lobo de Wall Street" do direito Martin Scorcese, baseia-se em fatos reais da vida de um conhecido e bem sucedido executivo do mercado financeiro de Nova Iorque na Wall Street da década de 80, Jordan Belford. O filme conta a história de um ambicioso corretor, de classe média baixa, que possuía um enorme poder de comunicação, persuasão e forte habilidade em venda. O jovem corretor da bolsa de valores inicia sua carreira na empresa L.F Rothescheld, INC, que acaba entrando em processo de falência logo após o Black Monday. Com o ocorrido Belford criar juntamente com seu grupo de amigos, a empresa Stratton Oakmont, INC, que acaba crescendo de forma rápida, porém ilegal, vendendo de maneira tendenciosa ações baratas e desvalorizadas sem potencial lucrativo a pessoas ricas que invertiam de forma desmedida. Logo a empresa chamou atenção do governo federal e passou a ser investigada pela FBI.
No que tange ao Direito Processo Penal, percebe-se o modo inquisitivo como se deu a investigação policial, tendo em vista as diversas abordagens feitas pelos aguentes do FBI, Denham e Hughes, ao investigado, Jordan. Como o visto na seguinte fala do aguente Denham: "Este é um dos barcos mais bonitos que eu já vi. E estava pensando que herói eu serei no escritório quando o FBI apreender esse barco. Porque, merda, eu vou toma-lo.", não restando duvidas na parcialidade dos aguentes do FBI, e o quão tendencioso foi à investigação. Percebe-se um rompimento com o princípio da presunção de inocência, que diz, que nenhuma pessoa pode ser considerada culpada (e sofrer as consequências disto) antes do trânsito em julgado de sentença penal condenatória, como disposto no artigo 5, LVII, da CF/88, além de atingir o princípio do devido processo legal (Art. 5, LIV, CF/88), que afirma, que ninguém poderá sofrer privação de sua liberdade ou de seus bens sem que haja um processo prévio, em que lhe sejam assegurados instrumentos de defesa.
Tem-se ainda a forma de investigação invasiva, no momento em que colocaram uma escuta em Jordan para a obtenção de possíveis confeições dos sócios da sociedade empresarial, não assegurou o princípio do nemo tenetur se detegere ( inexigibilidade de auto incriminação), que diz que ninguém será obrigado a produzir provas contra si mesmo, sendo assegurado o direito ao silêncio. Além de atingir o princípio da vedação das provas ilícitas (Art. 5, LVI, CF/88), que alega que não se admitem no processo as provas que tenham sido obtidas por meios ilícitos, assim compreendidos aqueles que violem direitos fundamentais.
Voltando ao contexto ideológico do "O Lobo de Wall Street", ver-se que é um filme polêmico e longo, tem seus pontos positivos e negativos, poderia ser um filme de superação e persistência, se não fosse pelo fato de Jordan Belfort utilizar-se dos pontos positivos para fazer valer os negativos. Com a mesma capacidade de conversar e vender, ele foi capaz de motivar sua equipe a se dedicarem de corpo e alma, inclusive ao ponto de não se delatarem uns aos outros em inquéritos do FBI e ainda serem admiradores confessos do chefe que proporcionava um excelente ambiente de trabalho e que fazia todos crescerem na vida e enriquecerem junto com ele. Jordan Belfort existiu e viveu essa história, ele não era só um chefe, ele era um grande líder, apesar das suas atividades serem ilegais, da sua falta de caráter e sua imoralidade, fazia as coisas acontecerem e tinha excelentes resultados.
O filme ensina que é necessário desconfiar daquilo que parece bom demais para ser verdade. E mostra a importância em ser ambicioso e ter sonhos que motivem a lutar, no entanto, mais que isso, é necessário saber quais são os limites entre a ética do negócio, os valores pessoais, a moral e a ambição. Mostrando claramente os limites entre cobiça e ética. Além de dar excelentes lições de empreendedorismo, vendas, gestão e liderança. Valores que agregam muito a formação de qualquer profissional de negócios.